quarta-feira, 20 de junho de 2012

44) Von Clausbruch

Atlântico

Quando a VARIG começou, em 1927, a segunda empresa de transporte aéreo da América do Sul (a primeira fora a SCADTA da Colômbia, mais tarde AVIANCA), não tinha tripulantes para seu hidro- avião Dornier Wal, que fazia a linha pioneira POA-RIO GRANDE e volta, creio que todos os dias menos fins de semana. Enquanto preparava seus futuros pilotos, voava na RG o conceituado aviador alemão, de origem nobre, Von Clausbruch. Ele não era funcionário da VARIG, e sim da CONDOR LUFTHANSA, a empresa mercantil que fornecera o hidro-avião ATLÂNTICO para a RG. Voava na VARIG por empréstimo, “in the mean time”.

Na ocasião a fábrica alemã Dornier havia fabricado o maior avião do mundo, o hidroavião DO X (ou seja, Dornier DEZ) Era um monstrengo com 12 motores colocados , dois a dois e opostos, sobre as asas. O taxi e a decolagem do lago à margem do qual se situava a fábrica não foram muito difíceis, pois as águas eram tranqüilas e havia pouco vento. Manobrar um hidroavião sobre a água, principalmente daquele tamanho, não é tarefa para qualquer piloto, a não ser que seja perito em hidros. Após a decolagem, o enorme avião dirigiu-se à costa da África (creio que Dakar), onde reabasteceria para um vôo à América do Norte, onde os alemães tinham esperanças de vender o monstrengo. Na costa da África, porem, havia correntes marítimas e ventos adversos às intenções dos alemães, de tal sorte que o piloto que capitaneara o DO X até ali não conseguiu, após várias tentativas, dirigir o avião e decolar com o mesmo.

Dornier X

Então, em desespero de causa, o que fizeram os dirigentes da Dornier? Pois mandaram buscar o experiente Von Clausbruch, que em dois toques conseguiu o que eles queriam, e levou o avião com sucesso a NYC e trazendo-o depois de volta à sua casa, pois a venda não foi feita.

Von Clausbruch voou algum tempo mais na VARIG, e depois mudou-se para o RIO onde casou e fixou residência. Eu o conheci pessoalmente, pelo fim da década dos anos 1940, quando ele veio a POA como representante de uma fábrica de óleos lubrificantes, para oferecer tais óleos à VARIG. Era ainda simpático e bem apessoado, cordial e falava um fluente português. Grande figura!

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