sábado, 19 de abril de 2014

73) COMENTÁRIOS SOBRE SISTEMAS DE MEDIDAS



Agora vou fazer alguns comentários sobre sistemas de medidas - algo que não é novidade para muitos, mas talvez esclarecedora para uns poucos.

Os animais (excluindo-se daí os seres humanos !) como só agem por instinto e talvez tenham algum raciocínio, porem muito rudimentar, nunca se preocuparam em medir coisas que fazem parte de sua vida, tais como tempo, distância, velocidade, altura, etc. Um rebanho de zebras ou búfalos que migra percorrendo longas distâncias à procura de melhor comida, nunca se preocupou em calcular a distância percorrida, nem a velocidade com que andam; um macaco não se interessa em saber a altura em que está, do chão, o galho em que está pendurado. Essas coisas acontecem, fazem parte de suas naturezas, e isso basta.

O ser humano, porem, com sua intelectualidade aprimorada e sua natural curiosidade sobre tudo que faz parte de sua vida, chegou cedo à conclusão que precisava mensurar várias coisas que o cercavam, e para isso teve que estabelecer padrões de medida.

Muito naturalmente, a tendência dos humanos em estabelecer padrões de medidas relacionou-se com partes de seus corpos, que estavam à mostra e ao seu alcance, Assim, surgiram a polegada (primeira falange de um polegar masculino) o palmo, o pé, a braça e o passo. Há também a jarda e a milha, não diretamente relacionadas com o corpo humano, mas cujos valores foram fixados oficialmente por um édito expedido pela Rainha Elizabeth I, no século dezesseis, no qual o pé vale doze polegadas, a jarda três pés e a milha estatutária (para não confundir com a náutica)  5.300 pés. Esses padrões de medidas vêm sendo usados até hoje, principalmente nos países de “habla” inglesa.

Quanto à milha (ou “mile” em ingl|ês, pronunciando-se “maile”), é interessante saber de suas origens: acontece que durante o Império Romano, as hostes  militares dos mesmos marchavam pela Europa caminhando e medindo as distâncias em “passos”. Cada mil passos (medidos entre duas posições consecutivas do mesmo pé), constituíam uma “mile passi”, o que corresponde à milha estatutária inglesa, definida como “mile”, como no tempo dos romanos. Essa milha estatutária ou “terrestre” é padrão nos USA e, creio, na Inglaterra ainda, tanto para distâncias como para velocidades em “mph”, ou milhas por hora.

Em vários países da Europa, África e Ásia, bem como na América Latina usa-se o Sistema Métrico Decimal como padrão de medidas, que foi estabelecido na França, no ano 1799. É um sistema muito mais lógico e prático do que o inglês, e não se entende a razão pela qual todos não passam a adotá-lo.

A Alemanha, por exemplo, sempre adotou o sistema métrico. Quando comecei a voar nos aviões alemães da extinta e saudosa VARIG, no ano de 1942, encontrei nos painéis dos aviões de então, todos os poucos instrumentos calibrados em quilômetros por hora, metros, metros por segundo e pressões em quilos por centímetro quadrado. Quando, ao fim da IIa guerra, começamos a receber aviões de procedência americana, tivemos que nos adaptar ao novo sistema, no qual os instrumentos indicavam milhas por hora, pés de altitude e pressões em libras por polegada quadrada (psi). Hoje em dia, graças à intervenção do ICAO (International Aviation Organization), essa associação de governos que estabelece normas para o transporte aéreo internacional, da qual faz parte o Brasil, os padrões obrigatórios para os instrumentos são: pés para altitudes, nós para velocidades, enfim: uma mistura de padrões.

Por falar em “nós”, é oportuno lembrar as origens dessa medida de velocidade: um nó é a velocidade representada por uma milha náutica por hora, ou seja 1852 metros por hora. A milha náutica é o resultado da divisão de 40.000 km, que é a circunferência do Equador e de qualquer meridiano terrestre, por 360 graus de sua circunferência, que depois é novamente dividida por 60 minutos de grau; temos então o valor de 1852 metros, que é o comprimento de um minuto de grau de círculo máximo terrestre.

Antigamente, no tempo dos navios a vela, havia um artifício com o qual os marujos podiam saber, com razoável precisão, a velocidade relativa do barco em relação à superfície do mar. Para isso dispunham de uma corda bastante comprida, na qual faziam nós a espaços regulares, correspondentes, proporcionalmente, à milha náutica reduzida em comprimento; na extremidade dessa corda havia uma âncora aquática que fazia com que a corda, jogada dentro d´agua, ficasse retesada, ou imóvel em relação ao barco.\então um marujo, usando uma ampulheta para medir o tempo, deixava a corda escorregar entre seus dedos, contando os nós que passavam, no tempo do escoamento da ampulheta. Sabia-se então, sem muita precisão, a velocidade do barco em relação à água, o que servia à precária navegação marítima daqueles dias.  

E quanto às temperaturas ? O primeiro  a estabelecer uma escala termométrica foi o alemão Daniel Fahrenheit, em 1714 que usou a água como referência, porem inexplicavelmente a meu ver, estabeleceu o valor de 32 graus para o derretimento do gelo, e 212 para a ebulição da água. Consta que em suas experiências utilizou até a medição da temperatura da própria mulher. Ele inventou o termômetro de mercúrio. Já o físico e astrônomo sueco Anders Celsius, em 1742 estabeleceu a escala centigrada, muito mais lógica, que tomou como zero o derretimentos do gelo e 100 a ebulição da água. A meu ver o ideal seria que em todo o mundo se usasse uma única escala; no entanto nos USA, Inglaterra, etc., usa-se a escala F e praticamente no resto do mundo a escala C. Consta que Fahrenheit  usou esses valores para o derretimento do gelo, porque no hemisfério norte eram frequentes as temperaturas muito frias e, assim, elas ainda poderiam ser medidas acima do zero de sua escala.

Seguem-se algumas equivalências, para quem possa delas precisar:

                  Uma polegada = 2,54 centímetros;
                  Um palmo = 22 cm;
                  Uma jarda = 91,44 cm = 3 pés;
                  Um pé = 30,48 cm = 12 polegada;s
                  Uma milha terrestre = 1609 metros = 5300 pés;
                  Uma milha náutica = 1852 metros = ao comprimento de um minuto de grau     
                  no Equador.
  
E por aqui ficamos, “mientras tanto ! Hasta la vista...