quarta-feira, 22 de outubro de 2014

76) Curiosidades: Hemisfério Sul



        Na Europa dos séculos 14,15 e 16, quando se começou a navegar pelo Atlântico do norte para o sul, em direção ao Equador, verificou-se que o clima tornava-se mais quente à medida que se aproximavam do Equador e que nessa região o calor era tão elevado que, acreditava-se, se prosseguissem mais ao sul essas regiões tornavam-se inabitáveis por seres humanos devido ao calor, pois acredita-se que seriam “tórridas”, habitadas somente por seres monstruosos, canibais, uns com cabeça de cachorro, outros sem cabeça e com boca e olhos no ventre, tais como os desenhavam alguns escribas da época, baseados na crença popular.

Somente quando alguns navegadores mais corajosos, tais como Marco Polo e outros, arriscaram-se a transpor o Equador e navegar para o sul, é que ficou-se sabendo que a Terra era habitável no hemisfério sul, que a temperatura caía à medida que avançavam para o sul, e que os seres monstruosos não existiam.

75) Curiosidades: America



   Estamos no fim de setembro e começo de outubro de 2014, quando estou lendo o magistral livro de Toby Lester. “The Fourth Part of the World”  Há uma coisa interessante, que merece ser comentada: segundo o que escreveu Isidore of Seville, ao redor do ano 600 AD, e que Lester cita em seu livro (e de acordo com minha tradução), vejamos:

“A Terra está situada na região central do Cosmos, equidistante de todas as outras  partes do céu. Está dividida em três partes, uma das quais é chamada de Ásia, a segunda Europa, e a terceira África. Além dessas três partes do mundo, existe uma quarta parte. Além do Oceano, que é desconhecida para nós.”

Assim, vê-se que muito antes da descoberta do Novo Mundo, já se sabia - ainda que hipoteticamente – que deveria haver uma quarta parte para a constituição da Terra, o que foi afinal confirmado – muitos anos depois – pelos navegadores Colombo e Vespucci. O nome dessa quarta parte, diferentemente das três anteriores, não teve suas origens entre os sábios gregos, mas sim por decisão de uma comissão reunida na França, a qual decidiu que Americo Vespucci fora o real descobridor do Novo Mundo, pois ele chegara à costa do que hoje é a Venezuela, no continente, ao passo que Colombo aportou numa ilha do Caribe, acreditando firmemente que chegara à Índia ou à China (Cathay).

Por essa razão, a comissão, integrada entre outros pelo cartógrafo alemão Martin Waldseemüller, decidiu pelo nome “América”, em homenagem a Vespucci, e fez constar, pela primeira vez esse nome num “mapamundi” desenhado por Waldseemüller, o que como que oficializou o nome “América”.

Há porem um detalhe a comentar: Hoje em dia, o termo “América” é usado principalmente para se referir aos Estados Unidos (USA), quando a rigor deveria referir-se à América do Sul! Somente no ano 1538 é que o Mestre Cartógrafo Gerardus Mercator desenhou um mapa no qual – pela primeira vez – o nome América aparece escrito em ambas as partes – norte e sul – do Novo Mundo. Já Waldseemüller, em carta ao rei Maximilian I, dizia que a quarta parte do mundo que desenhara em seu mapa era cercada de água por todos os lados. No entanto, somente em 1513 o navegador Vasco Nuñes de Balboa, tendo escalado o pico de uma montanha no que hoje é o Panamá, observou que a oeste havia um oceano – o Pacífico – cuja existência foi só então reconhecida pelos  europeus.

74) Curiosidades: "Journey"


  Segundo Toby Lester, em seu livro “The Fourth Part of the World”, quando a Europa tornou-se cristã, Jerusalem passou a ser considerada “o centro do mundo”, devido às origens da religião. Como a cidade estava sob o domínio dos muçulmanos, houve como se sabe várias “cruzadas” que tinham por objetivo vencer as forças contrárias ao cristianismo e deixar Jerusalém sob o controle dos cristãos. Essas iniciativas, porem, não deram resultado, e a cidade continuou, então, sob o domínio dos árabes. Com isso, os cristãos europeus, conformados com a situação, passaram a peregrinar em quantidades consideráveis ao lugar sagrado, o que convinha aos árabes sob o ponto de vista monetário.

A viagem até Jerusalém era longa, demorada  e sem as necessárias orientações, além de perigosa, pois havia bandidos que assaltavam os viajantes para roubar os valores que os mesmos portassem. Para sanar essas dificuldades, alguns cartógrafos europeus começaram a publicar roteiros da viagem, com etapas separadas, de um dia de percurso, com as necessárias orientações, definindo os locais de pernoite que em geral eram povoações ou até pousadas ou mosteiros que foram surgindo com o decorrer do tempo, onde os viajantes podiam encontrar abrigo e alimentação. A cada uma dessas etapas de um dia de viagem foi dado o nome, em francês medieval, de uma “journée” (do termo “jour=dia). Essa expressão deu origem a palavras com significado semelhante, em algumas línguas europeias; assim surgiu “journey” em inglês, e até “jornada” em português. Só que nessas outras línguas a expressão não significava mais uma etapa de um dia de viagem, e sim a viagem inteira. Interessante, não ?