terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

70) DAS INVENÇÕES



 
(Por Rubens A R Bordini, Fevereiro de 2014)
 
Inventar, em princípio, é coisa do ser humano, apesar de que existem alguns poucos animais capazes de chegar perto do que se poderia chamar de inventar, ou criar uma coisa que não existe na natureza, produto da imaginação de um ser privilegiado. Assim, por exemplo, pode-se citar o exemplo da ave “João de Barro”, aqui de nossos pampas, que fabrica uma casinha para seus ovos e filhotes, de barro que a ave ou procura ou fabrica, com paredes, telhado e uma abertura à guisa de porta. Isso vem sendo feito certamente há milênios, não se tendo ideia de como começou, porem certamente um ou mais indivíduos da espécie devem ter, um dia, chegado laboriosamente à conclusão de que aquela era a melhor maneira de proteger a família da intempérie. Aliás, esse é um exemplo da influência do meio ambiente na imaginação dos indivíduos ou das espécies, e de suas invenções; é o caso da região sul do Brasil, onde existe o João de Barro. Por aqui o inverno é relativamente rigoroso e a casinha de barro é mais adequada ao frio e às chuvas, do que os ninhos abertos tradicionais das outras aves.

As invenções, com o correr do tempo, têm proporcionado desenvolvimento na civilização do homem, muitas vezes sem que se tenha a menor ideia de quem inventou isto ou aquilo. Há coisas preciosas para a sociedade humana em uso até hoje, cuja invenção data de tempos perdidos na história da humanidade. É o caso, por exemplo, do prego. Quem inventou o prego? E em que circunstâncias? Provavelmente os primeiros pregos foram feitos de madeira, pois era a única matéria-prima existente à época. Alguém um dia constatou que poderia unir duas superfícies ligando-as com algo que atravessasse a ambas. Depois, muito depois, surgiram os pregos de ferro ou aço, que são indispensáveis até hoje, muitos milênios depois.

E o indispensável parafuso? Teria sido, provavelmente, uma evolução do prego, com a intenção de juntar duas peças podendo a qualquer momento disjuntá-las. Alguém, muito inteligentemente, “bolou” uma superfície helicoidal para o uso do ex-prego, cuja penetração passou a ser giratória ao invés de com pancadas.

E a roda, seus descendentes e seu eixo? Quem poderia ter sido o “crâneo” que imaginou a roda e seu eixo? Certamente a coisa começou com algum tronco roliço que serviu para impulsionar algo pesado. Daí teria, certamente muito tempo depois, surgido a ideia de cortar o tronco em rodinhas e atravessá-las no centro com o que se chamou de eixo.

E quanto à eletricidade, o telefone e tantas coisas mais que existem hoje ou já existiram e não são mais usadas? Nada se faz hoje em dia sem a eletricidade, ou o telefone, já agora na fase celular e praticamente indispensável.

Seja lá como for, a invenção quase sempre deriva de uma necessidade ou uma motivação, uma inspiração, muitas vezes como aperfeiçoamento de outra já existente.

Consta nos meios científicos, que o desenvolvimento intelectual do que poderíamos chamar de homem-símio, ou o pré-homem ainda meio macaco, foi devido basicamente ao surgimento talvez acidental do movimento dos polegares oposto ao dos outros dedos. Isso teria, no pré-homem em questão, possibilitado agarrar-se mais firmemente a algum galho de uma floresta tropical, com alguma surpresa face ao novo movimento, dentro de suas limitadas capacidades intelectuais. Esse indivíduo, mesmo primitivo e preocupado apenas em alimentar-se e procriar, teve o enorme mérito de passar a utilizar essa nova habilidade para suas atividades em geral, colaborado assim para um lento e gradual desenvolvimento de sua intelectualidade, bem como a de seus incontáveis descendentes através da história

Sendo assim, podemos dizer que o advento das mais recentes invenções de nossa tecnologia atual deve-se em essência ao fato de que o mencionado homem-símio, em lugar de desprezar, esquecer e não utilizar mais o novo movimento dos polegares, passou com sua rudimentar inteligência a utilizá-lo e a transmitir essa novidade, geneticamente, a seus incontáveis descendentes. Podemos hoje viajar num moderno e confortável Boeing 777 graças à atitude inteligente e pragmática de nosso tri-avô pseudo-homem!

Concordam?

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