(Por Rubens A R Bordini, Fevereiro de 2014)
Inventar,
em princípio, é coisa do ser humano, apesar de que existem alguns poucos
animais capazes de chegar perto do que se poderia chamar de inventar, ou criar
uma coisa que não existe na natureza, produto da imaginação de um ser
privilegiado. Assim, por exemplo, pode-se citar o exemplo da ave “João de
Barro”, aqui de nossos pampas, que fabrica uma casinha para seus ovos e
filhotes, de barro que a ave ou procura ou fabrica, com paredes, telhado e uma
abertura à guisa de porta. Isso vem sendo feito certamente há milênios, não se
tendo ideia de como começou, porem certamente um ou mais indivíduos da espécie
devem ter, um dia, chegado laboriosamente à conclusão de que aquela era a
melhor maneira de proteger a família da intempérie. Aliás, esse é um exemplo da
influência do meio ambiente na imaginação dos indivíduos ou das espécies, e de
suas invenções; é o caso da região sul do Brasil, onde existe o João de Barro.
Por aqui o inverno é relativamente rigoroso e a casinha de barro é mais
adequada ao frio e às chuvas, do que os ninhos abertos tradicionais das outras
aves.
As
invenções, com o correr do tempo, têm proporcionado desenvolvimento na
civilização do homem, muitas vezes sem que se tenha a menor ideia de quem
inventou isto ou aquilo. Há coisas preciosas para a sociedade humana em uso até
hoje, cuja invenção data de tempos perdidos na história da humanidade. É o
caso, por exemplo, do prego. Quem inventou o prego? E em que circunstâncias? Provavelmente
os primeiros pregos foram feitos de madeira, pois era a única matéria-prima
existente à época. Alguém um dia constatou que poderia unir duas superfícies
ligando-as com algo que atravessasse a ambas. Depois, muito depois, surgiram os
pregos de ferro ou aço, que são indispensáveis até hoje, muitos milênios
depois.
E
o indispensável parafuso? Teria sido, provavelmente, uma evolução do prego, com
a intenção de juntar duas peças podendo a qualquer momento disjuntá-las.
Alguém, muito inteligentemente, “bolou” uma superfície helicoidal para o uso do
ex-prego, cuja penetração passou a ser giratória ao invés de com pancadas.
E
a roda, seus descendentes e seu eixo? Quem poderia ter sido o “crâneo” que
imaginou a roda e seu eixo? Certamente a coisa começou com algum tronco roliço
que serviu para impulsionar algo pesado. Daí teria, certamente muito tempo
depois, surgido a ideia de cortar o tronco em rodinhas e atravessá-las no
centro com o que se chamou de eixo.
E
quanto à eletricidade, o telefone e tantas coisas mais que existem hoje ou já
existiram e não são mais usadas? Nada se faz hoje em dia sem a eletricidade, ou
o telefone, já agora na fase celular e praticamente indispensável.
Seja
lá como for, a invenção quase sempre deriva de uma necessidade ou uma
motivação, uma inspiração, muitas vezes como aperfeiçoamento de outra já
existente.
Consta
nos meios científicos, que o desenvolvimento intelectual do que poderíamos
chamar de homem-símio, ou o pré-homem ainda meio macaco, foi devido basicamente
ao surgimento talvez acidental do movimento dos polegares oposto ao dos outros
dedos. Isso teria, no pré-homem em questão, possibilitado agarrar-se mais
firmemente a algum galho de uma floresta tropical, com alguma surpresa face ao
novo movimento, dentro de suas limitadas capacidades intelectuais. Esse
indivíduo, mesmo primitivo e preocupado apenas em alimentar-se e procriar, teve
o enorme mérito de passar a utilizar essa nova habilidade para suas atividades
em geral, colaborado assim para um lento e gradual desenvolvimento de sua
intelectualidade, bem como a de seus incontáveis descendentes através da
história
Sendo
assim, podemos dizer que o advento das mais recentes invenções de nossa
tecnologia atual deve-se em essência ao fato de que o mencionado homem-símio,
em lugar de desprezar, esquecer e não utilizar mais o novo movimento dos
polegares, passou com sua rudimentar inteligência a utilizá-lo e a transmitir
essa novidade, geneticamente, a seus incontáveis descendentes. Podemos hoje
viajar num moderno e confortável Boeing 777 graças à atitude inteligente e
pragmática de nosso tri-avô pseudo-homem!
Concordam?
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