Agora vou fazer alguns comentários sobre sistemas de medidas - algo que não é
novidade para muitos, mas talvez esclarecedora para uns poucos.
Os
animais (excluindo-se daí os seres humanos !) como só agem por instinto e
talvez tenham algum raciocínio, porem muito rudimentar, nunca se preocuparam em
medir coisas que fazem parte de sua vida, tais como tempo, distância,
velocidade, altura, etc. Um rebanho de zebras ou búfalos que migra percorrendo
longas distâncias à procura de melhor comida, nunca se preocupou em calcular a
distância percorrida, nem a velocidade com que andam; um macaco não se
interessa em saber a altura em que está, do chão, o galho em que está
pendurado. Essas coisas acontecem, fazem parte de suas naturezas, e isso basta.
O
ser humano, porem, com sua intelectualidade aprimorada e sua natural
curiosidade sobre tudo que faz parte de sua vida, chegou cedo à conclusão que
precisava mensurar várias coisas que o cercavam, e para isso teve que
estabelecer padrões de medida.
Muito
naturalmente, a tendência dos humanos em estabelecer padrões de medidas
relacionou-se com partes de seus corpos, que estavam à mostra e ao seu alcance,
Assim, surgiram a polegada (primeira falange de um polegar masculino) o palmo,
o pé, a braça e o passo. Há também a jarda e a milha, não diretamente
relacionadas com o corpo humano, mas cujos valores foram fixados oficialmente
por um édito expedido pela Rainha Elizabeth I, no século dezesseis, no qual o pé
vale doze polegadas, a jarda três pés e a milha estatutária (para não confundir
com a náutica) 5.300 pés. Esses padrões
de medidas vêm sendo usados até hoje, principalmente nos países de “habla”
inglesa.
Quanto
à milha (ou “mile” em ingl|ês, pronunciando-se “maile”), é interessante saber
de suas origens: acontece que durante o Império Romano, as hostes militares dos mesmos marchavam pela Europa
caminhando e medindo as distâncias em “passos”. Cada mil passos (medidos entre
duas posições consecutivas do mesmo pé), constituíam uma “mile passi”, o que
corresponde à milha estatutária inglesa, definida como “mile”, como no tempo
dos romanos. Essa milha estatutária ou “terrestre” é padrão nos USA e, creio,
na Inglaterra ainda, tanto para distâncias como para velocidades em “mph”, ou
milhas por hora.
Em
vários países da Europa, África e Ásia, bem como na América Latina usa-se o
Sistema Métrico Decimal como padrão de medidas, que foi estabelecido na França,
no ano 1799. É um sistema muito mais lógico e prático do que o inglês, e não se
entende a razão pela qual todos não passam a adotá-lo.
A
Alemanha, por exemplo, sempre adotou o sistema métrico. Quando comecei a voar
nos aviões alemães da extinta e saudosa VARIG, no ano de 1942, encontrei nos
painéis dos aviões de então, todos os poucos instrumentos calibrados em
quilômetros por hora, metros,
metros por segundo e pressões em quilos por centímetro quadrado. Quando, ao fim
da IIa guerra, começamos a receber aviões de procedência americana, tivemos
que nos adaptar ao novo sistema, no qual os instrumentos indicavam milhas por
hora, pés de altitude e pressões em libras por polegada quadrada (psi). Hoje em
dia, graças à intervenção do ICAO (International Aviation Organization), essa associação
de governos que estabelece normas para o transporte aéreo internacional, da
qual faz parte o Brasil, os padrões obrigatórios para os instrumentos são: pés
para altitudes, nós para velocidades, enfim: uma mistura de padrões.
Por
falar em “nós”, é oportuno lembrar as origens dessa medida de velocidade: um nó
é a velocidade representada por uma milha náutica por hora, ou seja 1852 metros
por hora. A milha náutica é o resultado da divisão de 40.000 km, que é a
circunferência do Equador e de qualquer meridiano terrestre, por 360 graus de
sua circunferência, que depois é novamente dividida por 60 minutos de grau;
temos então o valor de 1852 metros, que é o comprimento de um minuto de grau de
círculo máximo terrestre.
Antigamente,
no tempo dos navios a vela, havia um artifício com o qual os marujos podiam
saber, com razoável precisão, a velocidade relativa do barco em relação à
superfície do mar. Para isso dispunham de uma corda bastante comprida, na qual
faziam nós a espaços regulares, correspondentes, proporcionalmente, à milha
náutica reduzida em comprimento; na extremidade dessa corda havia uma âncora
aquática que fazia com que a corda, jogada dentro d´agua, ficasse retesada, ou
imóvel em relação ao barco.\então um marujo, usando uma ampulheta para medir o
tempo, deixava a corda escorregar entre seus dedos, contando os nós que passavam,
no tempo do escoamento da ampulheta. Sabia-se então, sem muita precisão, a
velocidade do barco em relação à água, o que servia à precária navegação
marítima daqueles dias.
E
quanto às temperaturas ? O primeiro a
estabelecer uma escala termométrica foi o alemão Daniel Fahrenheit, em 1714 que
usou a água como referência, porem inexplicavelmente a meu ver, estabeleceu o
valor de 32 graus para o derretimento do gelo, e 212 para a ebulição da água. Consta
que em suas experiências utilizou até a medição da temperatura da própria
mulher. Ele inventou o termômetro de mercúrio. Já o físico e astrônomo sueco
Anders Celsius, em 1742 estabeleceu a escala centigrada, muito mais lógica, que
tomou como zero o derretimentos do gelo e 100 a ebulição da água. A meu ver o
ideal seria que em todo o mundo se usasse uma única escala; no entanto nos USA,
Inglaterra, etc., usa-se a escala F e praticamente no resto do mundo a escala
C. Consta que Fahrenheit usou esses
valores para o derretimento do gelo, porque no hemisfério norte eram frequentes
as temperaturas muito frias e, assim, elas ainda poderiam ser medidas acima do
zero de sua escala.
Seguem-se
algumas equivalências, para quem possa delas precisar:
Uma polegada = 2,54
centímetros;
Um palmo = 22 cm;
Uma jarda = 91,44 cm = 3 pés;
Um pé = 30,48 cm = 12
polegada;s
Uma milha terrestre = 1609
metros = 5300 pés;
Uma milha náutica = 1852
metros = ao comprimento de um minuto de grau
no Equador.
E
por aqui ficamos, “mientras tanto ! Hasta la vista...
E eram assim as aulas que eu assisti no CAA na EVAER.
ResponderExcluirQuem esquece uma explicação simples e precisa dessas?
Obrigado Mestre por me levar novamente á aqueles tempos.
Seu sempre aprendiz
Schumann