Ou o brasileiro é basicamente imprudente, ou incompetente,
mas o caso é que tudo se repete tragicamente, parecendo que o mau exemplo que
se contempla todos os dias não serve de experiência acumulada para os que
permanecem rodando por nossas ruas e estradas, os quais, teimosamente,
contribuem para novos e cada vez piores acidentes.
Não sou grande autoridade para dar conselhos a quem quer
que seja, porem meus 72 anos de automobilismo, dirigindo os mais diversos
carros nas ruas e nas estradas não só do Brasil mas também dos USA e da Europa,
autorizam-me, creio eu, a fazer alguns comentários sobre o assunto de trânsito,
na esperança de que alguém os leia e possa, com boa vontade, aperfeiçoar seu
“driving” de veículos automotores.
Fala-se muito, em todas as campanhas e nos meios de
divulgação, no excesso de velocidade como causa principal de acidentes graves
com veículos. Sem dúvida o excesso de velocidade contribui para o acidente,
porem a causa de acidentes mais graves, invariavelmente com mortes, é, sem
dúvida, a ultrapassagem errada e em local proibido, e no entanto pouco se fala
nisso. Na ultrapassagem inadequada, em que dois veículos se chocam frente a
frente, há que se considerar o fato de que suas velocidades se somam, o que
torna o choque muito mais violento e quase sempre fatal. Se dois veículos desenvolvendo
cada um a velocidade de 80 km por hora se chocam de frente, o impacto
corresponde a 80+80 km/h, ou seja, é o mesmo que um veículo chocar-se contra
uma parede à velocidade de 160 km/h !
Há um outro fator a considerar com relação às
velocidades nas ultrapassagens: trata-se da velocidade relativa entre os
veículos que são ultrapassados e o que os ultrapassa.
Quando tentamos ultrapassar um veículo que vai à nossa
frente com velocidade inferior, precisamos considerar a diferença de
velocidades entre os dois, pois quanto menor for essa diferença, mais tempo
levaremos na ultrapassagem e maior será o perigo. Quando tentamos ultrapassar
um veículo longo ou uma fila de veículos, se tivermos uma velocidade relativamente
baixa, estaremos expostos por mais tempo a uma eventual colisão. Por isso, nas
ultrapassagens, precisamos ter certeza de que vamos fazê-lo rapidamente,
reduzindo ao mínimo o risco de uma colisão (nas estradas simples, bem
entendido).
E há também os imprevistos; coisas que podem acontecer, e que podem
piorar a situação de quem está tentando ultrapassar. Vou contar algo que
aconteceu comigo, a muitos anos, numa viagem de automóvel de São Paulo para
Curitiba: Eu seguia por uma reta muito longa, numa estrada simples, na
velocidade máxima permitida. À minha frente seguia uma dessas jamantas que
transportam automóveis, em menor velocidade. Decidi ultrapassar a jamanta;
olhei à frente e vi bem ao longe um caminhão que vinha na outra mão. Dadas as distâncias,
velocidades e visibilidade, achei que poderia ultrapassar a jamanta sem
dificuldades, acelerei para uns cem km/h e entrei na contra-mão mais veloz do
que a jamanta. Quando estava ao lado da mesma, com o outro veículo ainda
distante, um dos pneus traseiros de meu carro estourou, e eu passei a ter
dificuldade em controlar o carro, que começou a oscilar de um lado para o
outro, com a ameaça de uma capotagem. Eu não podia entrar à direita, pois a
jamanta estava a meu lado ocupando todo o espaço, e o outro caminhão se
aproximava veloz.
Nesse momento o atento motorista da jamanta percebeu que
eu estava em dificuldades e freou seu veículo abrindo espaço à minha direita
para que eu pudesse entrar na mão, apesar do “rabear” de meu carro, livrando-me
do perigo iminente. Esse atento e colaborador motorista fez ainda a gentileza
de estacionar fora da estrada e ajudar-me a trocar o pneu. Creio que posso
dizer que devo a vida a ele, à sua maneira de ser, e no entanto não guardei seu
nome ou endereço, e nunca mais o vi. Que pena !
Seja lá como for, e sem a pretensão de saber mais
do que os outros, gostaria de relacionar
alguns pontos que me parecem importantes para evitar acidentes nas
ultrapassagens, visando principalmente os motoristas inexperientes, os quais devem
hoje ser muitos, considerando que anualmente as montadoras despejam milhares de
novos veículos nas ruas e estradas do país, que são em parte, pelo menos,
absorvidos por motoristas novatos que não têm experiência suficiente para
dirigir em estradas, principalmente as simples e muito trafegadas.
Eu relacionaria o seguinte, com relação às
ultrapassagens, com o objetivo de reduzir o número de mortes em acidentes:
- Nunca cruzar por cima dessa linha contínua, às vezes
dupla, que proíbe a ultrapassagem em lugares perigosos. Ela existe para proteger
os motoristas, e não deve ser ignorada, como acontece frequentemente.
- Quando temos um veículo mais lento à frente, e desejamos
ultrapassá-lo, devemos antes de mais nada deixar um intervalo de dois a três
comprimentos de carro entre o nosso e o veículo à frente, para ter espaço para
retornar à nossa mão, caso necessário.
- Ao tentar uma ultrapassagem, devemos antes passar um pouco
à esquerda e olhar para a estrada à frente. Dependendo das velocidades, um
veículo na outra mão pode parecer estar longe, o que não o impede de
aproximar-se rapidamente e tornar-se um risco. Se seu julgamento for favorável
à ultrapassagem, e as distâncias e velocidades adequadas, entre na contra-mão o
mais rápido possível, cuidando para que haja espaço à frente e à direita, para
reentrar em sua mão.
- Esteja sempre atento e preparado para agir em caso de
perigo. Não faça coisas arriscadas; em caso de dúvida, desista. Nada justifica
uma pressa que ponha a situação em perigo.
Colabore amistosamente com os outros motoristas, como
espera que o façam consigo.
Nas ultrapassagens acenda os faróis, para tonar seu
carro mais visível, e para avisar o motorista do carro que se aproxima, que
você está na contra-mão.
- Numa estrada simples e com muito tráfego, se encontrar à
sua frente uma longa fila de veículos mais lentos que o seu, desista de
ultrapassá-los, pelo menos enquanto as condições forem perigosas. Lembre-se que
pode não haver espaço entre dois veículos à sua frente que lhe permita retornar
ao lado direito da estrada numa situação de perigo de colisão.
- À noite ou com má visibilidade, redobre os cuidados nas
ultrapassagens. Com nevoeiro denso use sempre os faróis acesos para tornarem
seu veículo mais visível. Verifique periodicamente o estado de suas luzes para
consertar alguma queimada tão pronto quanto possível. Com nevoeiro reduza
bastante a velocidade e mantenha uma boa distância do veículo à frente, para
evitar os “engavetamentos” que são tão comuns por falta de cuidado. Se a
situação estiver muito ruim, só podendo enxergar o veículo à frente quando estiver
muito próximo ao mesmo, é melhor entrar no primeiro desvio ou posto de gasolina
e aguardar melhora das condições de visibilidade.
Para encerrar estes comentários despretensiosos, aí vai
um conselho, principalmente para os novatos: Proceda com cuidado, esteja
preparado para situações difíceis e seja responsável, lembrando-se de que as
vidas dos passageiros de seu carro estão entregues aos seus cuidados.
E boa e segura viagem !
Caro Cmdte. Bordini,
ResponderExcluirPor coincidência que "tropecei" neste blog. Eu, sou filho de um antigo colega seu, o Eng. Saboya, Chefia Manutenção POA/CGH e Operações SDU. Caso lembre-se dele gostaria de trocar recordações de outra época que presenciamos.
Um abraço,
R.Saboya
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